quarta-feira, 27 de agosto de 2014


   
© ssobrado, porto, 2014 |  o equilíbrio do medo








(...) Serei capaz 
de não ter medo de nada, 
nem de algumas palavras juntas? 


Manuel António Pina, O Medo, in 'Nenhum Sítio'






terça-feira, 19 de agosto de 2014


© ssobrado, porto, 2014 | será assim o amor





Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor

José Tolentino Mendonça, Os Amigos in De Igual para Igual